quarta-feira, 24 de março de 2010

AM 15.03.10 - A Palavra dos Cidadãos - O Problema dos Animais Abandonados.

É ponto de honra do Grupo do Partido Socialista o reconhecimento do trabalho de enorme importância por parte dos voluntários de organizações de cidadãos na construção da nossa Cidade; aqui deixamos a intervenção feita pelo cidadão Rui A. Costa Vieira no final da Assembleia de passado dia 15 de Março, membro da C.N.E, Comissão Nacional de Esterilizações. Esta estrutura, criada a partir de um conjunto de vontades de cidadãos apartidários, tem disponível uma petição online.
Esperamos com esta publicação melhorar a deficitária visibilidade das intervenções dos cidadãos no final de cada Assembleia. 

"Intervenção na AMP, 15.03.2010 
Apresentação do projecto C.N.E. pelo Grupo do Porto

Apresento-me hoje a esta Assembleia na qualidade de porta-voz de dezenas de munícipes que se mobilizaram individualmente em prol de uma causa comum: a esterilização dos animais abandonados da cidade do Porto. Como sabem, a política que tem sido seguida no nosso país para erradicar os animais abandonados e errantes assenta no abate que se estima vitime mais de 100.000 cães e gatos anualmente. Desconhecemos os números dos abates no canil do Porto e muito agradeceríamos ao Executivo que nos facultasse estatísticas actualizadas. 
Para além de se tratar de uma prática desumana e eticamente condenável, o abate sistemático não resolve o problema, uma vez que é do conhecimento público que tem crescido o número de animais abandonados. Do ponto de vista económico é uma má opção porque enquanto os materiais e produtos necessários para esterilizar uma cadela de porte médio, com 20 kg, custam cerca de 12 euros, a eutanásia desse mesmo animal custa cerca de 60 euros (captura, estadia no canil num período mínimo de 8 dias, anestesia e injecção letal, cremação do cadáver). Por todas estas razões, os cidadãos que aqui represento estão envolvidos numa Campanha Nacional de Esterilização de animais abandonados e negligenciados, tendo por objectivo a redução do seu número, o que pressupõe, para sua melhor eficácia, uma estreita colaboração entre as associações de defesa dos animais e as Câmaras Municipais e respectivos canis, e que mobiliza já 2000 munícipes, em 103 concelhos do país. 
Esta campanha assenta em três pilares essenciais:
1. Os canis devem esterilizar obrigatoriamente todos os animais dados em adopção. De facto, que sentido faz alguém ir buscar ao canil um animal que vai dar origem a outros tantos, que passados meses voltam ao canil para serem abatidos? A procriação nos cães e gatos é exponencial: um só casal de cães pode, em 6 anos, dar origem a 67 000 descendentes. 
2. Paralelamente, acreditamos na importância do estabelecimento de parcerias entre a Câmara Municipal e as associações de defesa animal que actuam no concelho, tendo em vista a esterilização dos animais abandonados que estas recolhem, uma vez que as mesmas não recebem qualquer tipo de apoio estatal. 
3. Defendemos ainda que a Câmara Municipal proporcione aos 
munícipes com recursos económicos comprovadamente limitados a esterilização gratuita dos animais que possuem. 
A implementação de uma política activa de esterilização permitirá reduzir substancialmente o número de animais que dão entrada no canil do Porto e trará consequentemente, a breve e médio prazo, a redução de custos para a autarquia. Apelamos assim a uma mudança de atitude em relação a estas questões, e a uma maior responsabilização, quer da autarquia, quer dos munícipes, de modo a gerir de forma mais racional os nossos recursos financeiros, humanos e naturais. Representará também uma conquista no 
âmbito do direito à vida dos animais de companhia. Posto isto, e nada mais havendo a acrescentar, agradecemos desde já a vossa melhor atenção para este assunto e manifestamos a nossa disponibilidade para colaborar com a autarquia a fim de ser implementada na cidade do Porto uma campanha de esterilização dos animais 
abandonados. 
Obrigado! 

Grupo do Porto da C.N.E. 

Março 2010"